sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Um outro enfoque sobre a crise da Previdência no Rio de Janeiro

Por Alberto Balassiano*

Em julho de 2010 fomos surpreendidos com o envio pelo poder executivo municipal do PLC-41 para a câmara dos vereadores, para ser votado em regime de urgência.  Este projeto, em linhas gerais, mudava as regras para os novos servidores públicos, acabando com a paridade e integralidade, reduziam as pensões, entre outros direitos já consagrados.  Este projeto, após uma mobilização dos servidores junto ao legislativo municipal, foi retirado do regime de urgência, e até agora não foi colocado em votação. Naquele momento o que nos chamou atenção foi que o Município do Rio de Janeiro estava realizando uma contratação de operação de crédito externo, junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, no valor de até US$ 1,045,000,000.00 (Um bilhão e quarenta e cinco milhões de dólares dos Estados Unidos da América), destinada a financiar o “Projeto de Política de Desenvolvimento do Município do Rio de Janeiro”.

Agora neste ano fomos novamente surpreendidos por um projeto de capitalização do fundo de previdência dos servidores municipais - FUNPREVI, o PL 1.005/2011, enviado pelo executivo municipal para ser votado em regime de urgência.  De acordo com o executivo o fundo estaria quebrado e necessitando de uma injeção de recursos, pois caso contrário os servidores estariam seriamente ameaçados de não receberem mais as suas aposentadorias dentro de no máximo uns cinco ou seis anos.  Este projeto já foi exaustivamente criticado pelos servidores e por vários membros do legislativo, pois existe uma unanimidade que esta capitalização não resolve definitivamente esta questão, e portanto estaríamos novamente às voltas com este problema bem antes do que gostaríamos.  Sem contar que esta capitalização se utiliza de recursos bastante duvidosos, como recursos do pré-sal que a prefeitura ainda não recebe, e terrenos e prédios que em sua maioria estão com várias pendências de regularização, entre outros.

De qualquer maneira, estes dois projetos de lei fazem parte de uma série de exigências do BIRD para a liberação deste empréstimo, onde se destaca também a transferência da gestão dos serviços públicos para organizações sociais, conforme Contrato de Empréstimo, um documento de 33 páginas que foi redigido pelo banco e traduzido por uma Tradutora Pública Juramentada.

Ora, mas porque o prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, uma das cidades mais importantes do país foi buscar um empréstimo externo.  Conforme suas próprias palavras, em reunião recente com o Movimento Unificado dos Servidores, este empréstimo possibilitou uma redução bastante substancial nos juros que o município do Rio de Janeiro paga a união, e com isso sobrariam mais recursos para os investimentos necessários para a cidade.  Esta política do Governo federal de “apertar” os Municípios e Estados da federação, não repassando os recursos para os investimentos necessários, tem como principal motivo a necessidade da formação do tal Superávit Primário, que é o recurso destinado ao pagamento de juros da dívida interna, isto é, o dinheiro que é transferido para os bancos nacionais e estrangeiros que adquirem os papéis do governo.

Para se ter uma ideia dos fantásticos recursos que são esterilizados nesta ciranda financeira, que poderiam ser empregados na saúde, educação, e nos serviços públicos de uma maneira geral, reproduzimos abaixo alguns dados que ilustram esta situação.

“O governo federal gastou R$ 100,63 bilhões com juros no primeiro semestre, um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme o relatório de política fiscal do BC, divulgado no dia 29 de Julho”.

“Além dos juros, as amortizações da dívida federal atingiram R$ 194,44 bilhões, um aumento de 7% em relação ao primeiro semestre de 2010 (Resultado do Tesouro Nacional, Vol. 17, Nº 6, Tabela A4 – Execução Financeira, julho/2011)”.

“Assim, em dinheiro (isto é, sem contar a rolagem ou refinanciamento da dívida), somando juros e amortizações, o governo federal passou aos bancos, em seis meses, R$ 294.511.584.199,32 (294 bilhões, 511 milhões, 584 mil, 199 reais e 32 centavos). Essa quantia é nove vezes o que, no mesmo período, foi despendido com a Saúde (R$ 32.416.877.858,44), excluído o pagamento de restos do orçamento de anos anteriores. Quatorze vezes o dispêndio com a Educação (R$ 20.927.531.530,63). Vinte e cinco vezes a despesa, no mesmo período, de toda a Defesa Nacional (R$ 11.761.510.597,65). Duas mil novecentas e quarenta e três vezes o que se gastou em Saneamento (R$ 100.044.516,44). Vinte e quatro mil novecentas e oito vezes o gasto orçamentário com Habitação (R$ 11.823.598,72)”.

Portanto, conforme mostrado acima, o Prefeito Eduardo Paes está voltando suas baterias para o lado errado, pois os recursos necessários para os investimentos estão mais pertos do que se poderia imaginar, e acabaríamos com este falso dilema, ou realizamos investimentos na cidade ou mantemos um serviço público de qualidade, pagando bem os servidores e garantindo que os recursos para as aposentadorias estarão sempre garantidos.  Este caminho, à primeira vista, pode não ser o mais cômodo para o prefeito, mas com certeza ele contará com os servidores do município e com a população da cidade para estar ao seu lado nesta grande empreitada.  Portanto, nossa palavra de ordem para o prefeito é:

Acredite nos servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro!!

Acredite na prestação de um serviço público de qualidade!!

Acredite na capacidade de mobilização da população de nossa cidade!!

* Engenheiro e Servidor Público Municipal

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sob protestos, fundo para previdência passa no Rio

Segue informe sobre a votação extraído do jornal valor econômico. Segue ainda o resultado oficial da votação que aprovou por 32 a 14 o projeto de desmonte do Previ-Rio/FUNPREVI. Em breve o MUDSPM vai divulgar sua nota oficial sobre a votação do PL 1005 ontem na Câmara.

Sob protestos, fundo para previdência passa no Rio

Com pressa de organizar o orçamento da Prefeitura do Rio para cumprir suas promessas olímpicas, principalmente depois de receber um empréstimo de R$ 2 bilhões do Banco Mundial (Bird), o prefeito Eduardo Paes (PMDB) pôs pressão na Câmara dos Vereadores e aprovou ontem, em primeira e segunda discussão num único dia, o projeto de lei que promete capitalizar o fundo de previdência do funcionalismo público e evitar que a prefeitura tenha que dispender dinheiro extra para pagar aposentados.

O projeto 1005/2011 chegou à Câmara em 1º de agosto e, 43 dias depois, já estava em votação, depois de tramitar em regime de urgência. A pressa foi tanta que até os próprios servidores, que podem ser beneficiados, se assustaram e encheram as galerias da casa. Foram tantos que o presidente, vereador Jorge Felippe (PMDB), chamou a Polícia Militar e mandou trancar as portas.

Os vereadores de oposição já davam, desde cedo, a derrota como certa. "Isto não tem jeito, quando eles querem bagunçam o regimento e aprovam tudo", afirma a vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB). "Não nos foi apresentado o tamanho do rombo. Pedimos uma avaliação do Tribunal de Contas que duraria dois meses, nem este prazo respeitaram", diz o vereador Paulo Pinheiro (PPS).

O governo também levou para o plenário Ariane Di Iorio, a presidente do Previ-Rio, autarquia que administra o fundo, procuradores e técnicos do município. Durante o debate, parlamentares da base conversavam e tiravam dúvidas sobre o projeto.

Ex-procuradora do município, a vereadora Sônia Rabello (PV) diz que o projeto tem ilegalidades, entre elas o repasse de bens que são do Previ-Rio e que já foram utilizados como pagamentos de dívidas da prefeitura com os servidores.
Até 2001, a previdência do funcionalismo era paga pelo Tesouro municipal. Naquele ano, o então prefeito Cesar Maia, com base na regulamentação do sistema previdenciário complementar para os servidores públicos, criou o Funprevi. O fundo passaria a pagar os servidores que se aposentassem a partir daquele ano e seria capitalizado por duas contribuições: a patronal de 22% e a dos funcionários de 11%.

O problema começou quando, dois anos depois, o próprio Cesar Maia resolveu incluir no fundo todos os aposentados a partir de 1998, por decreto. Segundo o líder do governo na Câmara, Adilson Pires (PT), além disso, o então prefeito também deixou de pagar contribuição de 22% por um ano e meio. Cesar Maia diz que as afirmações são mentirosas e que no primeiro ano o fundo tinha em caixa R$ 1 bilhão e, em 2008, R$ 2 bilhões.

"O projeto quita todas as dívidas do município, como se tivesse pago com seu próprio dinheiro", reclama a vereadora Sonia Rabello (PV). Mas Sônia explica que a capitalização se dá com repasses de terrenos do Previ-Rio para a Funprevi, repasses dos royalties a partir de 2015 (ano em que Paes não estará mais na prefeitura, mesmo que reeleito), além de não corrigir o erro de 2012.

A prefeitura alega que fará, durante 35 anos, repasse de cerca de R$ 900 milhões anuais. "Este dinheiro já vem hoje e é usado para cobrir o rombo. Eles tiram do Fundeb. Não haverá repasse novo", afirma Andrea Vieira. O projeto prevê que a prefeitura se necessário lance mão da verba para educação e saúde, para pagar os aposentados do setor.

Fonte: jornal Valor Econômico

terça-feira, 13 de setembro de 2011

CONVOCAÇÃO

 
O Movimento Unificado informa que o PL 1005 está na ordem do dia para ser votado hoje, 13 de setembro, na Câmara Municipal. O atual governo tem maioria esmagadora no legislativo, mas até hoje não conseguiu, e o termo é este NÃO CONSEGUIU aprovar seu projeto de desmonte para o Previ-Rio/FUNPREVI. A mobilização histórica e crescente dos servidores do Rio tem feito toda diferença. A participação de cada um(a) é fundamental. 

GRANDE ATO UNIFICADO DOS SERVIDORES DO RIO CONTRA O PROJETO DE DESCAPITALIZAÇÃO DO PREVI-RIO/FUNPREVI!!!
 
HOJE NA CINELÂNDIA A PARTIR DAS 13H. 
 
NÃO DEIXE DE COMPARECER!!!